Por um feed com menos Hashtags

23:09

Photo by Jovana Rikalo


* Por Isadora França


Estamos vivenciando um momento de lutas. E quantas lutas!
Pensei que morar em uma cidade mais “descolada” como Porto Alegre, me mostraria a vivência de interagir com um mundo em que as pessoas fossem mais descoladas também.
A experiência de três anos fora de casa me mostrou que existem pessoas maravilhosas.
Porém, tem me mostrado o triplo de pessoas com um certo tipo de preconceito.
Vivenciei diversos aqui. Quero deixar claro que as experiências ruins não incluem especialmente pessoas que são do Rio Grande do Sul.
Esse post tem o intuito de relatar como nós “serumaninhos” às vezes somos podres por dentro.
Tentamos mostrar sempre nosso lado solidário, bonzinho, defensor das boas e igualitárias causas. Mas não nos damos conta do quanto somos egoístas, quando no páreo tem outra pessoa.
“Entre eu e ela/e, melhor eu”.
É um ciclo que não acaba, senhores.
É pobre mostrando sinal de xenofobia;
É negro/amarelo/índio/pardo odiando quem defende as causas LGBTS;
É gay falando que mulher que dá na primeira noite é puta. Que mulher de verdade deve se comportar como uma “princesinha”. Que mulher deve ser bela, recatada e do lar. Que mulher que fala certas coisas, pede para ser trancada dentro de um carro enquanto ouve ameaças de como ela vai se dar mal se contar o episódio para alguém (OPS, I did it again! Essa última não era para vir a público);
É mulher dizendo que todos os homens são iguais;
São homens falando que o Catolicismo é melhor que o Espiritismo (apenas um exemplo entre tantos);
Que meu sertanejo é melhor que seu axé;
Que usar drogas é melhor que abortar;
Enfim pessoal! Poderia começar a gerar um loop sem fim, e passar postagens falando disso. Mas a questão é: Que mundo é esse que você é contra um certo tipo de preconceito e a favor de outros?
Que tempos são esses em que somos tão a favor da filosofia de boteco e de textões em facebook e quando acabamos de encenar o nosso personagem, simplesmente esquecemos o que defendemos?
Tatuei acima do peito uma mensagem para me lembrar de ser mais humana.
Foi um período que tinha acabado de passar por uma perda familiar muito difícil, uma desilusão com a vida, e uma série de problemas de saúde que sinceramente eu não esperava.
A frase é “Espalhe a luz”. Todos os dias que olho no espelho, eu lembro que em algum lugar, não muito distante tem alguém também enfrentando aflições. Um garoto que foi morto por ser gay. Uma mulher que sofreu assédio no trabalho. Um pobre que morreu de frio/ fome. Um índio agredido por ocupar terras as quais sempre pertenceu. Um aluno que sofreu assédio moral por ser “insubordinado” ao professor.

Então minha pergunta é...

O que nos falta para acabar com a revolução das hashtags no feed de notícias?

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1 comentários

  1. Genail (tirando a parte do sertenejo X funk, que sabemos o que rola)

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